quinta-feira, 28 de julho de 2011

Saudade

Semprei achei a saudade um sentimento gostoso de sentir. Capaz de motivar e de dar ânimo aos dias tediosos. "Melhor do que caminhar vazio..."
A vida apresentou-me outra saudade. Dolorida, escarnada, bandida.
Faz doer, faz chorar, faz sofrer no vazio. Lacuna. É o que fica. E tudo mais é só o presente, é só o que fica.
Que alguém qualquer, que conhecer uma esperança forte e robusta suficiente para preencher a lacuna, que faça as honras de apresentá-la a esta ingênua e romântica criatura.
...
Mais uma dose, por favor!

sábado, 23 de julho de 2011

bukowskimente: facebook

bukowskimente: facebook: "alguna joyas de la cultura post-neo-nada de la juventud actual podemos encontrar en la red social. desde que empecé a utilizarla algo me lla..."

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Meu lugar - parte 1

Desde que eu me entendo por gente, sonhava com um espaço para mim. Só para mim. Minha primeira casa era muito grande, o que sempre me deu muito medo. Mas, era mal dividida. Passava-se uma janela de vidro quase sempre fechada, outra de madeira pintada de verde, subia-se uma pequena escada de 3 degraus, minha área de banho de sol nas manhãs de temperatura agradável. Passava-se por um portão pequeno e adentrava-se uma varanda grande e gostosa, que se transformava em oficina nos finais de semana. Ao lado do portão estava uma porta grande que permitia acesso a sala. De frente para a porta, ficava a porta do quartinho da janela de vidro. Em sentido paralelo a porta de entrada da sala, estava de frente a porta do quarto dos meus pais. No canto à esquerda a entrada do quarto maior. Seguindo a direita, um pequeno corredor que dava acesso ao pequeno banheiro, à direita, e a cozinha. Era também pequeno aquele espaço e atravessado pela escada da casa ao lado.

Lembro que durante um bom tempo eu durmia num sofá-cama na sala. Era o lugar mais rápido para chegar ao quarto dos meus pais, meu refúgio nas diversas noites de pesadelo com as malditas cobras que me perseguiam. Não sei bem porquê, mas eu nunca deitava entre eles. Estirava-me na borda da cama em sentido transverso aos corpos dos meus pais. Meu pai mal durmia com medo de me chutar involuntariamente e eu me recusava sempre a deitar de modo mais seguro.

Ao lado do quarto de meus pais, havia um quarto muito maior que o deles, talvez o dobro. Creio que nunca o ocuparam como refúgio de um casal por não possuir porta. Ali, por algum tempo, residiu meu tio, a máquina de costura a pedal que minha mãe teve e não sei bem mais o quê. Este recanto enorme e, para mim, sombrio foi o meu primeiro quarto e, é claro, compartilhado com minha irmã depois do nascimento de meu irmão.Parece que a única pessoa que se sentia bem ali era a Velha Nice.

Velha nice fora uma senhora solitária que morava num barraco de madeira improvisada na rua de baixo. Sobrevivia fazendo colchas de retalhos, muito artesanalmente, sem requinte algum. [Hum! Adoro morangos com açúcar.]Sempre nos visitava. Ela me assustava um pouco e não era porque não tinha o dedão esquerdo da mão, vítima de acidente com sua companheira de décadas a máquina de costura. Ela era a única velha que conhecia de verdade e a velhice era para mim algo muito desconhecido ainda. [Agora que já estou nessa condição, nem tanto assustadora. rsrs.] Só conheci meus avós um tempo depois. Não convivi com eles.

A pobre Velha Nice sempre marcava ponto no quartinho feio e medonho da casa, quando chovia. Não era a solidão, nem sua casa capenga, nem seu dedo fantasma, nem a perda de visão, nem sua vida tão poeirenta. Seu medo, maior medo, e talvez melancolia, advinha dos temporais. Chuva, raios e trovões a deixavam quase imóvel num cantinho daquele quarto escuro. Talvez com ela aprendi, anos mais tarde, a ser melancolia com dias chuvosos.

Enquanto Velha Nice era só reticência com a vida naqueles estatalados de água fria e gostosa nas telhas de cerâmica, eu era só frustração. Adorava tomar banho de chuva de verão, raramente minha mãe deixava. Morava numa vila, na qual primas minhas maiores também residiam e se divertiam, sempre a me provocar inveja, dançando na chuva.

Bom! Aquele quarto só tinha ou teve, não lembro bem, aceitação na (s) noite (s) de Natal. Minha mãe ensinou-me que se colocasse uma bota na janela, o Papai Noel passaria e deixaria um presente ali. Eu não tinha bota. Minha família sobrevivia do salário de meu pai, não sei bem qual era a profissão daquele retirante nordestino à época, como "funcionário baixo". Eis que surgiu, doação talvez, um All Star botinha azul, amarelo e vermelho para mim. Era a minha bota de Natal na janela daquilo que se transformava uma vez por ano no lugar dos sonhos possíveis!

Meu pai trabalhava na GPC. Era uma firma de Engenharia que, segundo seu site atualmente, acrescentou em 89 os serviços de manutenção predial, conservação e limpeza a partir de convênio com a Petrobrás. Era exatamente este contexto em que eu estava. Ali, meu pai fez de tudo. A empresa realizava capacitação e treinamento de seus funcionários e meu pai aproveitou ao máximo disso. Na verdade, ele sempre foi um aprendiz e absorvia o máximo de conhecimento possível sobre tudo que estava ao seu alcance. Por isso, ocupava um outro quarto da casa com suas ferramentas e tranqueiras. Esse era um quarto pequeno, estreito, com a única janela de vidro e de correr da casa. A vista da janela era direta para o pátio da frente da vila. Era muito iluminado e arejado. Sua porta dava para a sala na direção direta da grande porta da sala, em que aos finais de semana ficava aberta e meu pai se deitava no chão depois do almoço de domingo para fazer a sesta. Era também ali que comíamos minha fruta predileta, manga. Pois bem! Eu sonhava com um dia em que as coisas do meu pai não caberiam mais ali e eu poderia, finalmente, fazer dali um quarto só meu. Sonhava como seria e até acho que propus isso para o meu pai.

Meu primeiro plano de vida estava formatado: fazer daquela pequena e improvisada oficina meu cantinho particular.

Em dezembro de 92, nos mudamos para a casa que meu pai estava construindo há um tempo num terreno recém comprado. Tudo mudaria!

domingo, 17 de julho de 2011

Parte de mim

Fôlego

Uh!
Volto a emergir.
Ainda me sinto um pouco perdida, desorientada. Estranha sensação de quem acaba de sair do mar.
Procuro o que deixei na praia em busca de algo que defina o meu lugar de antes.
Ainda não é fácil me encontrar só.
Mas, estou em busca de mim!
Sigo a caminhar...

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Tormenta

Doeu.
Doeu como se lançasse uma machadinha em um de meus dedos.
Meus olhos ainda ardem.
Vai passar, eu sei.
Ainda resta um grito abafado me sufocando.
Mas, vai passar.
A incerteza se fará pequena com o tempo e tudo vai passar.
Venha, meu amigo tempo!
Anseio por sua visita.

Desolação

Mais uma vez, resta a velha companheira.
De idas e vindas, a história parece se repetir.
Mas não me engano mais.
Somos nós, que por vezes,
por muitas vezes,
não conseguimos inventar novos caminhos.
Novo horizonte do incerto se põe e o velho medo de prosseguir sem saber no que pisar prevalece.
Quero ser tantas, sem romper com outras.
Vida que leva e trás (passado).