domingo, 8 de março de 2015

Auto retrato de hoje

A eu do presente momento nesse instante, se define como um ser quase inerte, modulada pelas ondas do tempo, descansando o corpo, boiando na superfície da vida, se preparando para o momento de mergulhar fundo ou cair para fora da banheira.   

É tudo novo de novo

Eis-me aqui: na beira do penhasco pensando se construo uma ponte ou se me jogo e dou um belíssimo salto quíntuplo transpassado com ponta de estrela e mergulho de cabeça no rio que corre lá embaixo.

Fiz 29 e começo a sentir que a idade tem um peso. Mas vejam bem! Não é aquele peso bobo de medo de envelhecer porque o modelo de sociedade em que vivemos nos diz a todo instante que ser velho é um saco e que temos que nos mantermos jovens pra sempre. Não tenho medo das coisas inevitáveis, não tenho medo de envelhecer. O peso vem das responsabilidades que se tem com 29 e daí pra frente. Quer dizer, você tem uma casa para bancar; morar com os pais é uma opção para quando e se você chegar no fundo do poço. Tudo o que você faz requer grana, e grana requer trabalho, e trabalho requer tempo e energia, e tudo isso requer mais da sua vida do que você gostaria. Bom! O fato é que dessa idade pra frente a gente não tem mais rede de proteção. Jogar tudo pro alto é mais que uma experiência na sua vida, é um risco real. Começar de novo é um desafio dos maiores.

Algumas vezes na vida eu precisei me reinventar. Comecei 2015 separada e vivendo as fisgadas de estar solteira de novo, de me relacionar de novo. Vivendo as dores do trabalho da profissão que escolhi. Tentando montar a casa aconchegante que fiquei adiando por conta das decisões anteriores. Comecei 2015 no entremeio e agora não sei se pulo ou se me atravesso, se me deixo ou me largo.

Existe sempre um risco entre sorte ou revés. O novo é sempre uma aposta e a partir dos 29 a gente tem muito mais a perder. Mas às vezes fico me perguntando se em todas as possibilidades de erro e perda, eu não possa ainda ganhar só pelo fato de ter me lançado. Será?