Faz algumas semanas já que ando cavando dentro de mim para descobrir meus submundos. Semanas é bobagem! Na verdade, é um processo mais longo que isso, mas nestas algumas últimas semanas tenho revirado e alcançado mais minhas sombras. Claro que esse não é um processo fácil e muito menos indolor. Descobrir o meu modus operandi tem sido tão cansativo que sempre penso "Difícil! Muito difícil...". E descobrir não é a tarefa mais árdua de tudo; mudar, construir outro modo de viver é.
Bem! Das minhas descobertas registre-se: 1. opero na cisão e oscilação entre uma que é puro desamparo, só e fraca, e entre outra que é força, independência e igualmente só. Numa me afundo, me fragilizo, me vitimizo do mundo. Tão indefesa que chega a ser ridícula e tosca. E, sobretudo, doída. Sê-la dói em cada pedaço, em cada respiro. Por isso, tem a outra. A outra controla tudo, desafia a vida, persiste em ser, se reinventa para ser. Sê-la cansa cada pedaço, cada respiro, cada suspiro. Por isso, tem esse corpo que você vê, que tenta estar e carregar essas duas. Apesar de todas as coisas boas e amáveis que partem e atravessam ambas, este é um corpo de dor e de cansaço. É um corpo só, tentando desesperadamente ser algo aqui e além.
Registre-se também que junto a isso, eu abraço o mundo. Cuido do mundo mais do que de mim. Que não sei dar pausa para sentir tanto quanto não sei dançar tango ou sapatear. E que minha tentativa de controle das emoções que transbordam, ganham voz de autoridade e ar de filosofia. Na minha cabeça, nada tenho com o fato de parecer uma deusa dos assuntos resolvidos, das emoções compreendidas e explicadas. Mas a verdade é que eu escrevo o tempo todo, que rascunho diagramas emocionais, crio nexos e teses sobre os sentimentos e com isso posso falar deles sem derrubar uma lágrima quando estou absolutamente destroçada.
Registre-se que, completando o pacote, eu não sei pedir ajuda. Revelar minhas dores e angústias, deixá-las passear por aí... Isso não faz parte da minha realidade, pensar nisso é carregar um peso extra. Porque fui instruída para ser o forte, porque pouco tive de complacência, porque eu parecia tão forte e tão boa que pouco tive de cuidado. Porque era um fato que sempre havia outros menores e mais indefesos, sempre havia alguém para eu cuidar. Não ser autossuficiente para lidar com os meus dramas pessoais era sinônimo de fracasso e de fraqueza.
A gente passa décadas vivendo em submundos sem reconhecê-los. A gente faz escolhas medíocres, medrosas, irresponsáveis e pensa que são claras como a água, pensa que fazem parte da superfície da vida que vivemos. É que a gente nunca pressupõe que há muitos caminhos e túneis invisíveis que ligam os nossos submundos à superfície de quem a gente é. Ver quem a gente é sempre incorre nas interferências do olho, do espelho, da cabeça que decodifica a imagem e dos sentidos que as sente.
Em verdade, em verdade vos digo: é preciso sempre levar os olhos da escuridão para a claridade e vice versa, para que a gente não se espante com as sombras e nem se ofusque com a luminosidade.
quarta-feira, 22 de junho de 2016
quinta-feira, 9 de junho de 2016
Tempo, tempo, tempo
Faz tempo que não escrevo.
Faz tempo que as palavras e os verbos só voam na minha cabeça.
É que os ventos que as faziam rodopiar feito papéis de bala e poeira em redemoinhos bobos, eram fracos demais para soprá-las para fora da caixola.
Quantas vezes suspirei eu profundo na iminência de soltar um ou dois verbos?
Quantas vezes a inquietude do meu espírito apontou o dedo para o papel, para a tela em branco?
Mas era eu vestida com a camisa branca, atada pelas emoções. Dessas muitas vezes elas, essas tais emoções, não transbordaram. Não havia poesia que aliviasse a solidez que ganharam. Era eu, ao invés de encharcada de sentimento, seca, empoeirada, amargando a tarefa de carregar o peso de um lugar para outro. Ainda me sinto assim. Só parei para um banho rápido, um respiro rápido nas águas fogosas dos velhos sentimentos. Ainda estou aqui.
Faz tempo que as palavras e os verbos só voam na minha cabeça.
É que os ventos que as faziam rodopiar feito papéis de bala e poeira em redemoinhos bobos, eram fracos demais para soprá-las para fora da caixola.
Quantas vezes suspirei eu profundo na iminência de soltar um ou dois verbos?
Quantas vezes a inquietude do meu espírito apontou o dedo para o papel, para a tela em branco?
Mas era eu vestida com a camisa branca, atada pelas emoções. Dessas muitas vezes elas, essas tais emoções, não transbordaram. Não havia poesia que aliviasse a solidez que ganharam. Era eu, ao invés de encharcada de sentimento, seca, empoeirada, amargando a tarefa de carregar o peso de um lugar para outro. Ainda me sinto assim. Só parei para um banho rápido, um respiro rápido nas águas fogosas dos velhos sentimentos. Ainda estou aqui.
quarta-feira, 8 de junho de 2016
A dor da saudade
Sinto saudade das coisas que fazem de você, você. O sorriso largo, o colo amável, o abraço quente, as carícias ardentes, o gozo brio.
Cada conforto, cada beijo, cada calor cutuca a memória e dá luz ao vazio que não pudemos evitar.
Sinto saudade das coisas que fazem de você presença. O corpo que ocupa o outro lado da cama, as pernas e braços que se entrelaçam com os meus, a respiração que aquece meus seios, pescoço, costas e pernas. O ninho que me espera, o ouvido que anseia por minha voz.
Agora, nem você e nem outro fazem morada aqui. Só o vazio e a saudade me acompanham.
Queria que a distância, esta senhora implacável, fosse menos que pedra. Que nossos planos convergissem como nossos corpos. Que a realidade fosse mais branda para um amor tão inocente como o nosso. Porque a saudade que fica é dor. É saudade que mata a gente.
Cada conforto, cada beijo, cada calor cutuca a memória e dá luz ao vazio que não pudemos evitar.
Sinto saudade das coisas que fazem de você presença. O corpo que ocupa o outro lado da cama, as pernas e braços que se entrelaçam com os meus, a respiração que aquece meus seios, pescoço, costas e pernas. O ninho que me espera, o ouvido que anseia por minha voz.
Agora, nem você e nem outro fazem morada aqui. Só o vazio e a saudade me acompanham.
Queria que a distância, esta senhora implacável, fosse menos que pedra. Que nossos planos convergissem como nossos corpos. Que a realidade fosse mais branda para um amor tão inocente como o nosso. Porque a saudade que fica é dor. É saudade que mata a gente.
Silêncios II
Quase um ano que não dedilho o teclado por aqui. Quase um ano que me vejo imersa num processo de mudanças que tem me exigido força, esforço, paciência e confiança. Nos últimos meses, minha vida deu viradas que jamais poderia imaginar em janeiro retrasado. Saiu o divórcio. Mudei de casa a contragosto. Fiz vestibular. Mudei de trabalho. Mudei de área. (ou estou tentando mudar.) Terminei o namoro, por força das circunstâncias.
Às vezes quando a gente cala é porque tem tanto para falar que não sabe nem por onde começar. Às vezes o silêncio é proteção ou sintoma de estar perdido. Às vezes é fuga, desvio. Às vezes, dor. E quase sempre é a voz das angústias mais profundas. Nas tormentas, a gente cala quando a alma cai em torpor.
Quase um ano de muitos silêncios... E talvez agora seja só um suspiro alto.
Melhor não criar expectativa...
Às vezes quando a gente cala é porque tem tanto para falar que não sabe nem por onde começar. Às vezes o silêncio é proteção ou sintoma de estar perdido. Às vezes é fuga, desvio. Às vezes, dor. E quase sempre é a voz das angústias mais profundas. Nas tormentas, a gente cala quando a alma cai em torpor.
Quase um ano de muitos silêncios... E talvez agora seja só um suspiro alto.
Melhor não criar expectativa...
Assinar:
Postagens (Atom)