segunda-feira, 31 de julho de 2017

Mordida

Tem um Je ne sais quoi
que faz as minhas carnes tremerem.
Uma mansidão na voz e no jeito engomadinho de falar
que traz doçura ao caldo apimentado que me põe em ardor
com quase nada.
Mobiliza minhas vontades,
refaz os meus desejos,
anseia o meu prazer.
Devia ser nada.
Um reencontro fortuito do acaso,
trivial e quase besta.
E, agora, me pego com sorriso de canto de boca em frente a telas virtuais.
Um certo tom abestalhado ao meu espírito, que faz parecer que achei água no deserto.
Pode até ser miragem.
Pode até ser a luz dos astros emprestando um brilho extra.
Mas já fez reexistir um universo inteiro de estrelas cintilantes,
um deságue no mar,
uma captura daquilo que me faz ser desejo.

sábado, 22 de julho de 2017

Bagunça

No quarto, quase de freira, tem pouca coisa.
Uma cama de solteiro, um guarda-roupa, um ventilador,
um banco com minha mochila,
outro, ao lado da cama, para apoiar os óculos e o celular,
uma luminária.

Ainda assim, o quarto transpira bagunça.

A janela ainda está sem os vidros, coberta só com um pano.
As portas do guarda-roupa ainda estão sem puxadores.
Na chave papaiz que fica na porta está pendurada uma sacola para o lixo.
A toalha molhada seca sobre o ventilador.
O colchão, maior que a cama, ainda está no plástico.
E eu, ainda estou sem lugar.