segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Lembrança de um ex-amor amado

9 meses e não há nada para nascer.
Tivemos mesmo tudo antes disso. Amizade, respeito, prazer, descobertas, cumplicidade, companhia, sinceridade, acolhimento, cuidado, otimismo, realismo, tempo, confiança, doçura, silêncio, carinho, empatia, compaixão, força, liberdade, impulso, aprendizado. Amor.
Você foi o segundo lugar em que eu coube sem força, sem modificações, sem mudanças. Tivemos reciprocidade.
Melhor trecho da caminhada foi com você porque você estava lá.

Lugar para mim

Uma vida inteira procurando um lugar para eu caber.
Descobri o que não queria ser. Tracei novos planos. Firmei um objetivo. Descobri novos rumos. Em novos lugares, me refiz. Refiz minha história. Redescobri minhas origens. Reli meu passado. Me reinventei.
Nada sem dor. Nada sem sabor.
Mas ainda procuro um lugar que me caiba. Talvez, eu não caibo em mim.

****

No início, pensei que eles faziam de mim quase nada. Sofri um bocado com isso, mesmo sem conhecê-los.
Quando cheguei, tive já, ainda sem a presença física deles, a melhor recepção da vida. Toda ferida curou naquele instante de uma frase pronunciada. Eu os amei com tamanha intensidade ali mesmo, num telefonema.
Nossos encontros eram recheados de uma distância que respeitava nossos espaços e quando a vontade vinha, nos preenchíamos de risos, abraços, pequenos carinhos, conversas. Sobretudo, de amor.
Eles foram minha fortaleza, minhas asas, meu ninho. Eles coloriram o lugar cinza em que vivi durante um tempo.
Eles foram o primeiro lugar em que eu coube.
Sempre que penso neles, sofro. Porque sinto uma saudade que me dói nos ossos porque é acompanhada do medo de deixar de existir para eles.
Queria ser mais forte que o oceano que nos afasta.


À I. e H., todo meu amor.