sábado, 31 de dezembro de 2011

2011 - Ouro de tolo

Enterro

O último post deste ano é um adeus. Adeus ao sofrimento, a dor, a solidão, ao medo e as desventuras que 2011, agora já agonizando, me trouxe de presente. Mas, como se pode supor, este é um adeus sem lamentação e sem saudade. Um pouquinho de lembranças gostosas fazem parte.
Não serei cruel e dizer que só tive antipáticas surpresas, pois no sofrimento é que se vê quem acolhe, ama e protege. Bons amigos agora estiveram mais perto e isso foi o ganho positivo. A família também esteve mais próxima, embora a distância tenha insistido em nos distanciar. E o amor... Ah! O amor esteve de TPM constante e me fez rir apesar de lágrimas.
Portanto, adeus 2011. Vá pro diabo que te carregue, que quando chegar minha hora nos encontraremos de novo. Um dia.

Adeus ano velho!

Obs.: para uma postagem bonita de fim de ano, vide o primeiro post deste blog.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Saudade - mais uma vez

Saudade de nada é só saudade.
Diferente, portanto, de "nada de saudade".
Só saudade é ter saudade de tudo, do todo.
Nada em específico lhe faz falta, lhe carece. Mas, cada parte disjuntada do todo lhe dói.
Por que é o todo que lhe carece.
Saudade de nada é mesmo saudade de tudo.
Ah! Saudade que só no meu lugar pode ser sentinda e expressa em palavras.
Aqui onde me encontro agora é saudade incompleta, doída pela parte disjuntada.
Ainda sim, saudade.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Solidão...

Ontem senti-me só. Terrivelmente só.
Do pior tipo de solidão me vi acompanhada.
Queria minha casa, meu lugar, meus inimigos conhecidos.
No entanto, não podia ter nada que não fosse a lembrança. E esta, como de se esperar, não podia fazer-se presente que não por imagens.
Refúgio nas malas que comigo trouxe era o único abrigo possível.
Sentir mais uma vez que o amor também pode magoar ainda que seja amor. Verdade doída.
Espero ser mais forte do que penso e do que necessito para sobreviver sem grandes feridas a esta passagem.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Reencontro - outro momento

Tudo foi assim, meio confuso.
Não sabíamos por onde começar. 
Tantos desejos foram reprimidos e que agora podiam se libertar, mas sem ordem em pura selvageria.
Por outro lado, tudo foi tão sonhado que quando se transformou realidade precisou de um tempo para processar a liberdade que nos atingia agora.
Seja como foi, foi lindo, gostoso, suave e amado.
Fui outra, tão querida e saudosa.
Agora em estado de êxtase total, busco apenas desfrutar.
A entrega que faz a diferença entre estar e ser.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Reencontro

Tudo foi como o esperado recalcado: caótico.
Era estranho porque estranho éramos um para o outro.
Buscamos bruscamente nos despir para buscar alguém que habitava na memória.
Encontramos apenas indícios de que a lembrança passara por ali em algum dia.
E o tempo? Ah! O tempo nos faltou desta vez. Como birra de criança, se retirou depois de muito sobrar entre nós na distância.
Eu era muitas sem encontrar a outra. E de repente, me vi assim completamente estranha de mim mesma.
Mas não houve engano, só ilusões.
No desvelar de tanta estranheza foi possível reconhecer alguns movimentos familiares.
Um abraço tão terno não podia mesmo se esvair em vento. Estava lá, sólido como a montanha.
Talvez só um pouco arenosa, mas estava lá sólida.
Ah! E tudo se acabou em breve aconchego.

sábado, 17 de setembro de 2011

História de amor pra boi dormir

Sempre fui daquelas adolescentes exemplares que todo pai queria ter. Estudiosa, quieta, sossegada e equilibrada. Raras vezes os fervores da adolescência me invadiram a razão. Vivenciei o desmoronamento da minha família com serenidade e inteligência, não sem ajuda é claro - que o diga o grupo de biodanza.

Sempre fui muito romântica. Mas paradoxalmente uma romântica materialista. Havia desconstruído o príncipe encantado aos 12 anos e desfeito qualquer ilusão em relação a perda da virgindade e ao casamento cristão aos 14 anos. O resultado de tudo isso foi uma adolescente que aprendeu a sofrer por amor antes mesmo de conhecer o amor. Saldo: 1 namorado de outro estado, várias apaixonites, 2 amores, 1 sexualidade quase inesperimentada. O versinho que definia essa parte de mim era:

"Sou uma borboleta que voa contra o vento. Quem eu amo não me ama, quem me ama perde tempo."

O contato com a universidade iniciou uma outra etapa da minha vida. Iniciou um longo processo de desapego dolorido da menina que em muito eu queria manter e a mulher que o mundo começava gestar. Entreguei-me a desconhecidos afetos, tentadoras aventuras de uma mente já mais amadurecida. Uma mulher foi se constituindo.

Num dia de São Jorge, num show na praia que mais me deu gostosas lembranças, conheci em meio ao desejo e a timidez um Jorge, vindo de terras de verdadeiros guerreiros. Encontro que proporcionou-nos deliciosos 4 dias de entrega, quase absoluta.

Como o vento que vai e vem, o mundo que gira colocou-nos de frente um ao outro mais uma vez. Reencontramo-nos com anseios diversos, mas tínhamos o desejo comum de ter um ao outro. Desejo forte para enfrentar o dragão das diferenças de língua, cultura, história e sentimento. Saldo: 3 anos e 8 meses de relacionamento, 1 casamento, 2 anos e meio de convivência diária, 1 amor.

 Como em todo conto de fadas, novelas mexicanas e Malhação, coisas ruins acontecem e separam os amantes. No nosso caso não foi o dragão, nem uma vilã inconformada por não ser amada e nem uma adolescente mimada. Faltou-nos as condições objetivas para continuar nossa história juntos, fisicamente juntos. Saldo: 2 amantes, 1 oceano, desemprego e 540 reais na poupança para um reencontro.

Riso [triste]. Esqueci de mencionar: 1 esperança.

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Campanha Ajude uma esposa a passar o natal com seu marido que trabalha num outro país. Toda doação será bem-vinda. Solidários podem enviar email para amorpcontinuar-amor@yahoo.com.br

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Igual a todo mundo

Hoje acordei mal. Hoje eu não queria levantar da cama. Hoje acordei, como nos úlitmos dois meses, sozinha.
Com lágrimas querendo escorrer incontidas. Acordei vazia. Sem metáforas, sem vida.
O dia clareou, mas ficou a estranha sensação de dias chuvosos.
Sensação de ruptura com minhas ilusões.
Hoje, queria ser ninguém!

sábado, 10 de setembro de 2011

Eu?

Revendo e revivendo as palavras aqui depositadas, questionei-me [mais uma vez] quem sou eu agora.
Aflição de ser alguém menos intensa, menos triste, medrosa e aflita.
É. Queria outra coisa agora.
Um reencontro sadio, uma certeza, uma oportunidade e um par de sapatos laranja.

Intensidade

Hoje ouvi algo que me incomodou bastante: "fiquei abalado [quando li seus posts] ... tinha muito sofrimento".
Não sei exatamente porque isso me incomodou. Sei que tem, mas tem tantas outras coisas que queria dizer, que sentia dizer. Um medo de ser eu só sofrimento? Uma frustração de não expressar o anseio, a nostalgia, o desejo, a excitação etc.?
Sei que existe muitas outras de mim, também aqui. Talvez...
Talvez seja eu que... eu me entrego, eu me afundo numa intensidade que muitos só podem sentir no sofrimento.
Talvez...

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Insanidade e um pouco de inveja mia

Sexta, vi uma bela apresentação de um poeta daqueles. Contemporâneo e sonhador.
Deu aflição, medo, vertigem e...
inveja.
Por alguns instantes, queria receber a benção de poder dizer aos homens lúcidos do quão loucos estão.
De como essa loucura cada vez mais insana o descaracteriza como homem e o torna coisa.
Coisa porque o lado animal já está morto desde tempos remotos.
O que vemos e caímos na tentação de chamarmos de "nosso lado animal" é, na verdade, nosso lado insano.
Insanidade que conquistamos a duras penas em nosso processo civilizador.
Somos seres sociáveis sem saber bem o que significa social.
Deixa estar. Caminhamos sempre em frente.
Se lá estará o abismo? Aí já é outra história.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Dias chuvosos sempre me inspiram melancolia...
E como não ser? Alguma coisa sempre escorre com a chuva.

Dentre tantas perdidas palavras

No caos me refaço entre palavras perdidas, avulsas, costuradas.
Faz parte de quem sou.
Do esforço de ser sempre construção, sempre novo e entulho.
Traduzir-me é um equívoco que só tolos se aventuram.
Nada do que digo pode fazer qualquer sentido fiel fora de seu momento.
O melhor a se fazer é dar novo sentido as palavras, é recriá-las nos olhos de quem lê.
Da tormenta é que nasce a poesia.
E o conhecimento só pode ser vivo se for sensível.

sábado, 6 de agosto de 2011

De quem falo

Sentia-se estranha em relação a si mesma. Era outra e a mesma. Sentia enorme sede de paixão e criava em seu íntimo uma mulher mais liberta, mais safada e mais livre. Uma mulher mais apaixonada. Capaz de se entregar a tudo e a todos sem ter medo de não ser compreendida, pois sabe que apenas alguns podem se dar ao luxo da entrega.
No mundo real via-se presa a um mundo de que amava: boemia, sediciosas experiências e muita meia luz. Sentia-se excitada, extremamente excitada. E podia até se elevar ao gozo com isso. Mas, na verdade no tempo de seus delírios de mulher estava mesmo era solitária. E só poderia estar. Não realizando cada desejo íntimo que sentia, não podia sentir-se parte de nada. E, realizando-os só poderia sentir-se apontada pelas vidas alheias.
Conseguiria, pois, encontrar seu lugar? Amava a si mesma por não sentir naquele instante, o fogo por outrem. Ao mesmo tempo, queimava ninfas e elfos no fogo de seu prazer. E fantasia e realidade bailavam na dialética melodia.
Sentiu seu corpo retorcer e esvair-se... Mais uma noite de pura solidão.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Bicho de 7 cabeças

Porque nada do que sou vem sem dor.
Porque a vida nunca foi generosa sem cobrar as contas.
Dor constitutiva de cada parte solta de mim costurada sem anestesia.
Tanta dor porque só se pode amar assim.
Só há entrega com riscos.
Da liberdade inigualável de sentir do cair do precipício
à queda, ao silêncio, ao sangue que escorre como melodia.
Encontre-me sem medo,
pois sou o que desejas ser.
Morte inexorável de uma vida que não pode ser mais do que é.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Saudade

Semprei achei a saudade um sentimento gostoso de sentir. Capaz de motivar e de dar ânimo aos dias tediosos. "Melhor do que caminhar vazio..."
A vida apresentou-me outra saudade. Dolorida, escarnada, bandida.
Faz doer, faz chorar, faz sofrer no vazio. Lacuna. É o que fica. E tudo mais é só o presente, é só o que fica.
Que alguém qualquer, que conhecer uma esperança forte e robusta suficiente para preencher a lacuna, que faça as honras de apresentá-la a esta ingênua e romântica criatura.
...
Mais uma dose, por favor!

sábado, 23 de julho de 2011

bukowskimente: facebook

bukowskimente: facebook: "alguna joyas de la cultura post-neo-nada de la juventud actual podemos encontrar en la red social. desde que empecé a utilizarla algo me lla..."

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Meu lugar - parte 1

Desde que eu me entendo por gente, sonhava com um espaço para mim. Só para mim. Minha primeira casa era muito grande, o que sempre me deu muito medo. Mas, era mal dividida. Passava-se uma janela de vidro quase sempre fechada, outra de madeira pintada de verde, subia-se uma pequena escada de 3 degraus, minha área de banho de sol nas manhãs de temperatura agradável. Passava-se por um portão pequeno e adentrava-se uma varanda grande e gostosa, que se transformava em oficina nos finais de semana. Ao lado do portão estava uma porta grande que permitia acesso a sala. De frente para a porta, ficava a porta do quartinho da janela de vidro. Em sentido paralelo a porta de entrada da sala, estava de frente a porta do quarto dos meus pais. No canto à esquerda a entrada do quarto maior. Seguindo a direita, um pequeno corredor que dava acesso ao pequeno banheiro, à direita, e a cozinha. Era também pequeno aquele espaço e atravessado pela escada da casa ao lado.

Lembro que durante um bom tempo eu durmia num sofá-cama na sala. Era o lugar mais rápido para chegar ao quarto dos meus pais, meu refúgio nas diversas noites de pesadelo com as malditas cobras que me perseguiam. Não sei bem porquê, mas eu nunca deitava entre eles. Estirava-me na borda da cama em sentido transverso aos corpos dos meus pais. Meu pai mal durmia com medo de me chutar involuntariamente e eu me recusava sempre a deitar de modo mais seguro.

Ao lado do quarto de meus pais, havia um quarto muito maior que o deles, talvez o dobro. Creio que nunca o ocuparam como refúgio de um casal por não possuir porta. Ali, por algum tempo, residiu meu tio, a máquina de costura a pedal que minha mãe teve e não sei bem mais o quê. Este recanto enorme e, para mim, sombrio foi o meu primeiro quarto e, é claro, compartilhado com minha irmã depois do nascimento de meu irmão.Parece que a única pessoa que se sentia bem ali era a Velha Nice.

Velha nice fora uma senhora solitária que morava num barraco de madeira improvisada na rua de baixo. Sobrevivia fazendo colchas de retalhos, muito artesanalmente, sem requinte algum. [Hum! Adoro morangos com açúcar.]Sempre nos visitava. Ela me assustava um pouco e não era porque não tinha o dedão esquerdo da mão, vítima de acidente com sua companheira de décadas a máquina de costura. Ela era a única velha que conhecia de verdade e a velhice era para mim algo muito desconhecido ainda. [Agora que já estou nessa condição, nem tanto assustadora. rsrs.] Só conheci meus avós um tempo depois. Não convivi com eles.

A pobre Velha Nice sempre marcava ponto no quartinho feio e medonho da casa, quando chovia. Não era a solidão, nem sua casa capenga, nem seu dedo fantasma, nem a perda de visão, nem sua vida tão poeirenta. Seu medo, maior medo, e talvez melancolia, advinha dos temporais. Chuva, raios e trovões a deixavam quase imóvel num cantinho daquele quarto escuro. Talvez com ela aprendi, anos mais tarde, a ser melancolia com dias chuvosos.

Enquanto Velha Nice era só reticência com a vida naqueles estatalados de água fria e gostosa nas telhas de cerâmica, eu era só frustração. Adorava tomar banho de chuva de verão, raramente minha mãe deixava. Morava numa vila, na qual primas minhas maiores também residiam e se divertiam, sempre a me provocar inveja, dançando na chuva.

Bom! Aquele quarto só tinha ou teve, não lembro bem, aceitação na (s) noite (s) de Natal. Minha mãe ensinou-me que se colocasse uma bota na janela, o Papai Noel passaria e deixaria um presente ali. Eu não tinha bota. Minha família sobrevivia do salário de meu pai, não sei bem qual era a profissão daquele retirante nordestino à época, como "funcionário baixo". Eis que surgiu, doação talvez, um All Star botinha azul, amarelo e vermelho para mim. Era a minha bota de Natal na janela daquilo que se transformava uma vez por ano no lugar dos sonhos possíveis!

Meu pai trabalhava na GPC. Era uma firma de Engenharia que, segundo seu site atualmente, acrescentou em 89 os serviços de manutenção predial, conservação e limpeza a partir de convênio com a Petrobrás. Era exatamente este contexto em que eu estava. Ali, meu pai fez de tudo. A empresa realizava capacitação e treinamento de seus funcionários e meu pai aproveitou ao máximo disso. Na verdade, ele sempre foi um aprendiz e absorvia o máximo de conhecimento possível sobre tudo que estava ao seu alcance. Por isso, ocupava um outro quarto da casa com suas ferramentas e tranqueiras. Esse era um quarto pequeno, estreito, com a única janela de vidro e de correr da casa. A vista da janela era direta para o pátio da frente da vila. Era muito iluminado e arejado. Sua porta dava para a sala na direção direta da grande porta da sala, em que aos finais de semana ficava aberta e meu pai se deitava no chão depois do almoço de domingo para fazer a sesta. Era também ali que comíamos minha fruta predileta, manga. Pois bem! Eu sonhava com um dia em que as coisas do meu pai não caberiam mais ali e eu poderia, finalmente, fazer dali um quarto só meu. Sonhava como seria e até acho que propus isso para o meu pai.

Meu primeiro plano de vida estava formatado: fazer daquela pequena e improvisada oficina meu cantinho particular.

Em dezembro de 92, nos mudamos para a casa que meu pai estava construindo há um tempo num terreno recém comprado. Tudo mudaria!

domingo, 17 de julho de 2011

Parte de mim

Fôlego

Uh!
Volto a emergir.
Ainda me sinto um pouco perdida, desorientada. Estranha sensação de quem acaba de sair do mar.
Procuro o que deixei na praia em busca de algo que defina o meu lugar de antes.
Ainda não é fácil me encontrar só.
Mas, estou em busca de mim!
Sigo a caminhar...

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Tormenta

Doeu.
Doeu como se lançasse uma machadinha em um de meus dedos.
Meus olhos ainda ardem.
Vai passar, eu sei.
Ainda resta um grito abafado me sufocando.
Mas, vai passar.
A incerteza se fará pequena com o tempo e tudo vai passar.
Venha, meu amigo tempo!
Anseio por sua visita.

Desolação

Mais uma vez, resta a velha companheira.
De idas e vindas, a história parece se repetir.
Mas não me engano mais.
Somos nós, que por vezes,
por muitas vezes,
não conseguimos inventar novos caminhos.
Novo horizonte do incerto se põe e o velho medo de prosseguir sem saber no que pisar prevalece.
Quero ser tantas, sem romper com outras.
Vida que leva e trás (passado).

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Dos homens que tive...

Arrebente-me de amor e depois junte os caquinhos, me cole e deixe por minha conta... que eu, eu me reinvento em outra (s).
Diga-me o que sei, mas que não ouço. Quero ter certeza de que consegui ser amada.
Minha língua é ácida, minha razão doentia e vil,
meu coração,
amargo e suado coração de mel.
Queira-me tão somente o quanto podes me ter. Tenha-me e não se faça covarde em fugir, pois nunca prometi nem amor e nem saudade.
Deleite-se em meu território de montes, florestas, cachoeiras e cavernas. Meu corpo é território apenas para os que sabem se entregar.
Faço-me aventura para os destemidos e porto para os covardes.
Rogai por mim e descubra-se no meu peito fraterno,
que eu sou conforto e asilo
[breve asilo].
Santa Marcelina, protetora dos viajantes solitários.

Eu voltei... porque aqui, aqui é o meu lugar.

Sumi, pois as obrigações terrestres assim me obrigaram.
Dei de mim mesma para me constituir a partir de um lugar.
Meu novo lugar.
Meu lugar.
Meu novo lugar não é apenas uma casa nova,
uma rede pendurada
ou minha nova planta.
É uma parte de mim que deixa as grades do pertencer, compartilhar e dividir,
para ser e se fazer em liberdade de ir, vir e ficar.
Quedome a cá!
E a felicidade com cada bloco enfraquece meus medos e nutre novos anseios.
Agora, quedome a cá!

quinta-feira, 26 de maio de 2011

...

Cansaço.
Receio escrever mais uma vez sobre esta aflição.
Não há outra para expressar o que se abate sobre mim neste momento.
E tem sido difícil cada minuto com você e,
ainda mais, pensar em estar sem você.
Perdida, vago solitária dentro de mim,
numa vastidão medonha e inconsequente.
(silêncio)

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Paradise já!

um lugar para mim. 

vazio. 

Percebo que a caminhada é mais longa e inócua do que se poderia supor.

Um grito, um reclame de sonho não realizado.

A difícil tarefa de ser eu no mundo de outrem. Tolida, contida, calada, quieta, na obrigação cruel de ser quase invisível.

Que lugar é meu lugar?

Folhas soltas, músicas pescadas, roupas sem combinação, ideias ao vento, abraços que buscam o porto, o coração que bate desritmado.

Que lugar é meu lugar, mesmo?

quinta-feira, 5 de maio de 2011

           força                                                          cola                                 mola                                                                                                                                                  
                                         toca                                                                                                      bossa                
                                                                                                         nossa                                                          
      trola                                                 FODA!                                                                                                            
                                 fossa                                                                     bota                         rola                                      
                                                                                                                                                                        
                                                                                          gosta                                                                             
              soca                              bosta                                                                              bola                                              
                                                                                                                 horta                                                        

terça-feira, 19 de abril de 2011

Fugaz

Ficou o cheiro bom da lembrança...
O gosto de fel na boca, porque era jovem.
Enganei-me comigo mesma e 
vi que era só mais um no balanço.
Divertiu-me como poucas crianças podem fazer.
Despediu-se como vento e manteve nos olhos o labirinto.
Vida que leva e trás!

sábado, 16 de abril de 2011

Peripécias do dia

De tudo que quero 
a calmaria grita
incessante,
enlouquecida.
De tudo que tenho,
agora,
o lamento persiste.
De tudo que espero,
o amor,
é o mais distante.
Caminha a passos lentos,
num jogo cruel de ser e de me fazer
passiva.
Como me resolvo?

terça-feira, 12 de abril de 2011

Passagem

Não há palavra que defina melhor a vida que esta tão dolorida e prazerosa, passagem.
Raízes tão frágeis as que temos, mesmo que o credo seja contrário, pois que no final resta a terra adubada.
Vontade de ser livre sempre vem acompanhada do desejo de haver um galho para pousar. O vento bate e mais uma vez, passagem...
O medo talvez seja o de se perder. Transformar-se, levar consigo tantas e tantas e não se reconhecer mais.
Ou, passar e nada levar, apenas, passar. Arrepender-se do que se deixou pra trás.
Caminhada no perigo.
Vida que se vai em passagens...

[Dedico também a minha amiga La.]

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Só para lembrar!

Pessoal, o blog Cri cri está de volta. Por enquanto, estou atualizando nele tudo o que está rolando de mobilização e debate sobre temas da nossa sociedade. Depois, um pouco mais pra frente, ele retomará também seu caráter "cri cri" original. Deem uma olhada e ajudem a divulgar os eventos de luta que rolam por aí.
Abs.

sábado, 2 de abril de 2011

Partida

Estranho é o momento da partida. Um mix de sentimentos desejosos, culpa, aborrecimentos e frustrações. A partida só guarda um sabor, o reencontro.
Essa semana foi de partida, de pessoas, de partes de mim, de angústias e de desilusões.
O reencontro, ainda não sei quando, onde e nem com o que ou quem. Apenas certa de que reservará surpresa.
"Que bom poder estar contigo de novo..."

quarta-feira, 30 de março de 2011

Oscilando...

De tudo que sei,
restou a dúvida.
Também, o sentimento
de que tivesse mais glamour,
sedução e paixão.
A vida nua (nem tanto como o desejo) e crua,
me permitiu ser contida na entrega.
Lição um: a vida não é poesia!

Desafio

Fez de mim
vivência.
Era outra e a mesma de sempre.
Rompi meus limites
e me agarrei na certeza do engano,
do medo e ... do silêncio.
Oscilando...
Estranhamente, parece-me uma relação com o vazio.
Sinto saudade do estranho, do contido, do balão,
do fugaz.
Desafio...

[dias chuvosos me inspiram melancolia. Eis que surge o cinza!]

sexta-feira, 18 de março de 2011

Cansaço

Cai sobre mim um cansaço.
Cansaço esse, tão profundo,
que meu corpo padece ao viver.
Queria ser outras.
E de tantas outras me encontrar.
Frustrada absortamente pela presença e pela ausência.
Vontade novamente de ser novamente só eu só
sem tantas novidades.

sábado, 12 de março de 2011

Das certezas que em mim habitavam,
apenas o engano ainda é morador.
Os sentimentos que exigem entrega...
Ah! São eles o adubo para a poesia.

Encontro

Da falta que a falta me dá
persiste a ausência do beijo,
do toque voraz.
No peito pulsa a expectativa
do encontro 
com aquilo que anseio.
Não sou mais eu,
sou mais uma
alma lançada a liberdade,
que leva, traz, bate e faz dançar
como folha que o vento toma.
E descubro que sou comprometida
apenas com a vida.
É primavera!

segunda-feira, 7 de março de 2011

Inferno: é carnaval!

       Neste carnaval não quero pular. Não estou de TPM, menos ainda traumatizada ou de mal com a vida. Só, às vezes, é necessário o silêncio. Estou nesse momento. O resto do mundo é que não está. Hoje descobri que se é carnaval você não tem muitas possibilidades de alegria sem o carna. Ou entra ou fica em casa com a TV.
      Hoje pulei carnaval, só de raiva...

domingo, 6 de março de 2011

No labirinto do minotauro.

Receio estar perdida em mim mesmo, como no labirinto do minotauro. Receio não ter medo da chamada monstruosa criatura. Menos ainda, sinto culpa. Habita em mim o desejo do desconhecido. Talvez não tão monstruosa, talvez mais envolvente e sedutora do que se possa imaginar. Talvez seja eu, com meus sentimentos, mais abominável (ou incompreendida).
Desejo furiosamente não resistir e ser mais uma vez só entrega. Afinal, de que trata o amor?

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Do outro lado do mundo!

Vixi! Alguém do Japão apareceu. Seja bem-vindo (a) tb!
(Que legal!)
(É medrosa mesmo! E opressiva tb, às vezes)

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Pequena distância...

            Depois de algum tempo sendo consumida pelo trabalho e por outras tarefas, longe deste espaço que adoro, devo dizer que hoje estou feliz. Mais precisamente, no momento em que vi o número de seguidores aumentar para 5 e o 5º não ser alguém que conheço (pelo menos eu não lembro! Desculpe-me se for o caso.). Não que eu seja uma dessas pessoas loucas e fissuradas por seguidores, fãs etc., mas porque creio que este blog está atingindo seu objetivo d algum modo, promover contato!
           É por isso que a Ju deixou o primeiro comentário. Eu estava triste por não ter nenhum, ou seja, nenhuma resposta de que as pessoas veem e voltam para ver outras coisas. Como uma amiga gentil, ela me deixou o comentário. Você pode fazer o mesmo se quiser... Mas, não faça como ela que comentou uma bobeira e não comentou o quanto o post sobre paixão a pertubou. Medrosa!
          Há um tempo queria tb falar aqui sobre alguém dos E.U.A. que vira e rola, passa por aqui. Estou tão curiosa para saber quem é você!  Fico feliz também.
          Espero que os contatos continuem.
         Ah! Seja bem-vindo novo seguidor! Também compartilho da sua causa.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Meu coração, não sei pq...

O que se faz quando se tem um coração que palpita demais? Um coração que é capaz de amar tantas coisas e outras ao mesmo tempo sem se dar conta que nós complicamos tanto a vida que amar livremente não é permitido. Meu coração não entra nessas proibições, tampouco se conforma antes de me enlouquecer. Sinuca de bico, eu chamei certa vez. E escrevi no papel de novo.

Tum, tum... Tum, tum... Tum, tum...

Saudade

Esquizofrenia aguda sofrida por aquele que tem a capacidade de se apaixonar pela vida.

Saudades tb.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Como será o amanhã?

Hoje estou sentindo uma pavorosa tranquilidade de quem não precisa se preocupar com nada, como se tudo já estivesse se arranjado. A verdade é que estou diante do incerto, com saudades do que não vivi, com medo de perder o que nunca tive e com a vontade de que tudo estivesse de pernas pro ar. Ai! Como a tranquilidade pode nos deixar tão inquietos, as vezes. Vontade de sair de mim e voar pelo espaço em busca da distância que me prende, visitar as lembranças que gostaria de ter e ser quem eu sonhei num dia qualquer. Estranho desespero de ser só eu só...

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Eu, por Vinicius de Moraes.

Faço das palavras do poeta a definição de mim:
AQUÁRIO *
(de 21 de janeiro a 19 de fevereiro)

Se o que se quer é a boa esposa
A aquariana pousa.
Se o que se quer é uma outra coisa
A aquariana ousa.
Se o que se quer é muito amor
A aquariana
É a mulher macho sim senhor.
Porém não são possessivas
Nem procuram dominar
Ou são meigas e passivas
Ou botam para quebrar.

E se alguém tiver dúvida, que me desafie.

Presente para sempre

Certa vez numa aula do curso técnico, toda a turma escolheu alguém para presentear. Eu recebi um presente de que gostei muito e acho que ele é atemporal, pois diz muito de mim. Obrigada Mica!
Todo mundo foi presenteado com uma música. Eis a minha:

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Beijo

Na semana de aniversário o melhor presente que recebi foi o mais singelo e significativo dentre os gestos humanos, um beijo. Delicioso fruto de sonhos indevidos de uma noite de verão.
Tá afim?

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A pergunta que não quer calar:

De quem, agora, estamos falando?
Nova identidade ou só roupa nova?
???????????? Alguém aí pode responder?!

Ausência

Hoje a falta me doeu. Foi bem diferente dessa vez. O carinho que vem de longe emociona, alegra, mas não aconchega. O silêncio doeu. De repente, me vi só. Queria apenas abraços, nada mais. Triste é esse mundo que somos em que o toque é tolido, pq tem um preço. Ainda não acabou e a esperança segue. Ao contrário, embebedar-me-ei com as lágrimas com gosto de caipvodka liberada.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Ouro de Tolo (Raul Seixas)

Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável

E ganho quatro mil cruzeiros
Por mês...
Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso
Na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar
Um Corcel 73...
Eu devia estar alegre
E satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado
Fome por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa...
Ah!
Eu devia estar sorrindo
E orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa...
Eu devia estar contente
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado...
Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "e daí?"
Eu tenho uma porção
De coisas grandes prá conquistar
E eu não posso ficar aí parado...
Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Prá ir com a família
No Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos...
Ah!
Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro
Jornal, tobogã [Big Brother Brasil]
Eu acho tudo isso um saco...
É você olhar no espelho
Se sentir
Um grandessíssimo idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
Que só usa dez por cento
De sua cabeça animal...
E você ainda acredita
Que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social...
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...
Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Identidade

Eu queria dizer tudo que me sufoca, que entala a garganta. Cuspir letra por letra ou vomitar todas as frases de uma só vez. Há uma mordaça que me toma e me desponta em um feixe de luz de vida. Não sou o que sou e nem o que quero ser. Não sei o que escrevo, nem pra que, nem pra quem. Sou o silêncio corrompido de múrmurios e medo. De criança que parte pra rua achando encontrar lá um paraíso a descobrir. Tarde. Encontro-me tarde da noite pensando que velha companheira solidão voltou a casa. Gosto de sonhar fabulosos desterros de quem não vejo refletido num espelho me dizendo que eu sou mais uma e dentre tantas sou como parte de todas. Caminho numa busca incessante e frenética para descobrir meu eu, tão instável e fluido. Assim, vivo na persistência de me negar para afirmar aquilo que penso, que sei, que falo, que faço e que confusamente sinto. Me ame, me abrace, me beije e não esqueça de me bater para lembrar que a vida é também decepção e sofrimento. "porque a tristeza tem sempre uma esperança, de um dia não ser mais triste não."

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Graça... rs.

Há pessoas que conseguem ser tão lindas, graciosas, leves e encantadoras que não precisam fazer absolutamente nada para que caiam nas nossas graças. Simples assim! BUM! ***plim, plim. Há pessoas que gostamos de graça. Sem saber sua trajetória, sua personalidade, seus gostos, nada. E com essa graça, elas vão chegando de mansinho, fluindo por nossa vida com nossa licença hipnótica [afinal, estamos tão deslumbrados que uma licença consciente seria demais] e se instalando. Nem sempre é para sempre. Mas, sempre farão lembrar-nos de que nesta terra habita seres mágicos, não por seu encanto, mas sim por mostrar que são apenas humanos. 
Em 2010, mais uma vez, tive a graça de conhecer seres assim, que eu gosto muito e de graça! Que fiquem o tempo que o tempo permitir. Enquanto isso, desfrutemos da graça de termos nos encontrado!

Em especial, S., P., E., Zé e Aduni!

sábado, 8 de janeiro de 2011

Encontros...

Do tempo que tenho, tento deixar o tempo transformar. 
Do tempo que sonho, brinco com o tempo para ser. 
Dos encontros que tive, aguardo o tempo revelar o devir. Não sou a minha vida, sou a vida que o tempo permitir. 
No fundo, seguimos solitários acompanhados apenas daquilo que o tempo deixa passar. 
O segredo de viver é aproveitar a generosidade do tempo, pois de tempo em tempo o mundo gira.
Feliz o tempo em que encontrei.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Pequenas confidências de ano novo...

        Apesar de não ser religiosa, mantenho em mim aquilo que fui (ainda que seja na memória). Por isso, velha tradição de ano novo se realiza: passar o réveillon com uma calcinha nova da cor que representa o seu desejo para o ano que se aproxima. Muita gente faz isso, tanto quanto pular as ondas, guardar caroços de uva na carteira etc.. Eu estava tão ocupada, cansada e sei lá, com TPM, neste fim de 2010 que não me preparei para receber 2011, como de costume. Até tentei no último momento, mas já era último. Eu queria Prosperidade! Desejo comum quando se vive em clima de insegurança. 
       A caminho de casa, lembrei-me que tinha uma calcinha nova em folha, um presente de uma amiga. Feliz e com medo do desejo que a cor expressava: Paixão. E me vi reinventando sentidos e significados. Afinal: trabalho sem paixão é obrigação; amor sem paixão é costume; família sem paixão é tolerância; estudo sem paixão é repetição; saúde sem paixão é sobrevivência; por fim, ano novo sem paixão é nostalgia de ano velho.

Muita Paixão em 2011!

domingo, 2 de janeiro de 2011

Inspiração

Todo início de ano inspira a realização de velhos desejos, que nos parecem sempre com um ar de novidade. Seja a dieta, a busca pelo equilíbrio ou pelo amor. Isso é renovação. Destacamos nossas permanências para alcançar o novo e recriar nossa vida. Que o novo do ano lembre-nos de que é o velho que instiga a mudança. FELIZ ANO NOVO!