quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Diarinho: o reino do talvez dói

Não costumo fazer daqui um diário. A verdade que toda metáfora e todas as ludibriações textuais que uso nos posts são mero fruto da minha ignorância em escrever diários. Não sei. Nunca consegui ter um de fato. No meio dos meus cadernos velhos existem vários diários inacabados, cheio de folhas em branco. Por isso, gosto mais de agendas, de blocos de notas, de fotos. A dificuldade reside num fato simples: a verdade. Escrever um diário é expor a verdade, aquela dentro da nossa cabeça que só a gente tem acesso. É preciso muita coragem para isso! Eu prefiro manter o reino da minha cuca (en) intocado. Tudo que escrevo é verdadeiro, mas com a magia da literatura porque meus textos podem ser o que o leitor quiser. Assim, não falto com a verdade e nem a revelo. Bom! Mas tudo isso para dizer simplesmente que este post tem tom de diarinho.
Estou em meio a um processo de talvez da vida. Talvez meu casamento termine, talvez ele se renove, talvez eu vá morar em outro país, talvez eu fique por aqui mesmo, talvez eu invente outra profissão para mim, talvez eu continue no hobby e faça um concurso público, talvez eu tenha novos amantes, talvez eu faça uma viagem solitária, talvez eu tenha um filho, talvez eu fuja da Copa, talvez eu reencontre pessoas importantes da minha vida, talvez eu me distancie de pessoas importantes na minha vida, talvez eu aprenda alemão, inglês ou espanhol, talvez eu leia mais literatura brasileira, talvez eu me fantasie no carnaval, talvez eu faça uma festa de 20 e restinhos anos, talvez eu fique careca, talvez eu chore no natal e não saiba o que desejar pro ano novo. Talvez eu escreva a coisa mais fantástica até então, talvez eu só fique feliz de a banca aprovar meu trabalho de mestrado. Existem tantos talvez, que talvez eu já me cansei. Desativei meu Facebook, estou quase sempre em casa, deixei de ir ao forró, a casa dos amigos, a casa da família vou quando dá. Reduzi meu mundo inteiro só para não ter que pensar, não ter que responder as mesmas e já velhas perguntas de sempre sobre a minha vida. E parece difícil as pessoas entenderem que não sei, que existem tantas e tantas coisas que podem simplesmente fazer mudar tudo, absolutamente tudo!
Daí que nesse universo inteiro de interrogações, uma amiga me enviou um link. Um post de um brasileiro que mora na Holanda falando sobre as vantagens e desvantagens de se morar num outro país. Tenho vontade de chorar só de lembrar. Li e pensei que droga era aquilo nesse momento em que estou. Escrevi para ela pedindo para não me enviar coisas do tipo, ela não me entendeu. E percebi que é mesmo difícil de entender, que as pessoas não imaginam mesmo quantas coisas pesam nesse momento, quantas emoções estão aqui, num caos intenso e sempre presente. Sei que fazem as mesmas perguntas porque se preocupam comigo e porque o que quer que aconteça também toca nelas. Mas eu só queria que entendessem que nesse momento é difícil demais administrar tudo isso, que minha fuga é a tentativa de criar um espaço e um tempo para eu aguentar o presente Talvez. E que, vejam só!, foi mais fácil falar disso justamente na forma que é a mais difícil para mim, num post diarinho. Tudo dói tanto que nenhuma metáfora, nenhum artifício literário fazem sentido, tudo beira o insuportável.
Só quero um tempo, o meu tempo...

domingo, 10 de novembro de 2013

Casinha branca

É difícil não sentir o amor voltar. É difícil ouvir o silêncio, a ausência do eco.
É difícil se trair e se contrair tanto quando é o momento pra se expandir.
É difícil não voar quando as asas estão tilintantes, quando a saudade da nó nas tripas, quando os olhos se arregalam ante a beleza de tudo no mundo que tenho negado.
É difícil manter a cara de mármore grego, aspecto divino que me falta há muito.
O anseio exorbitante pela paz que só vem com a simplicidade de ser quando me reprimo para caber, para alcançar o que só a liberdade dá.
Um cansaço de guerras em vão.
Um desejo de ter uma casinha branca de varanda para ver o sol nascer.


terça-feira, 5 de novembro de 2013