segunda-feira, 21 de outubro de 2013

sábado, 19 de outubro de 2013

Sorvo*

Eu quero a vida.
Por baixo da pele que acaricio com minha língua branda e rude, grossa e suave, a pele que faço recuar e expor a carne.
E é a carne rubra, pulsante e viva que eu encarcero em minha boca, enlaço com minha língua ardilosa, provoco com meus lábios sem feri-la com meus dentes, de novo e de novo.
Bálsamo danador.
Eu a desvelo, eu a provoco, e a tento até que ela me entrega seu segredo em um jorro de calor que sorvo, voraz.
Que seja maculado meu sangue.
Que seja maculada minha própria carne.
Eu quero a vida além da pele.
Desmascarada.
Verdadeira.

Sem culpa. Sem medo.
Fogo e enxofre não me assustam.


*Poema retirado do livro Noturna e outras poemas, do meu queridíssimo amigo Cláudio Duffrayer.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Conchinha

Outro dia sonhei e acordei com sensação de nó nas tripas. Era sonho mesmo... Sonhei com invisibilidade, rejeição, troca, ciúmes e sufoco de sentimentos. Acordei tensa, muito tensa.
Já tem alguns dias que estou assim, carecendo de tudo e de todo mundo. Carecendo de abraços, de sol, de mar, de beijos, de carinho nos cachos, de risos, de dança; de tudo, menos de perguntas. Afinal, carecer faz parte.
Queria colo, dormir de conchinha, cozinhar junto, contar histórias, ouvir histórias, rir de histórias. Careço insanamente... E porque careço, me sinto só. Falta espaço pra ser, eu acho.
Queria dormir de conchinha...