sábado, 6 de agosto de 2011

De quem falo

Sentia-se estranha em relação a si mesma. Era outra e a mesma. Sentia enorme sede de paixão e criava em seu íntimo uma mulher mais liberta, mais safada e mais livre. Uma mulher mais apaixonada. Capaz de se entregar a tudo e a todos sem ter medo de não ser compreendida, pois sabe que apenas alguns podem se dar ao luxo da entrega.
No mundo real via-se presa a um mundo de que amava: boemia, sediciosas experiências e muita meia luz. Sentia-se excitada, extremamente excitada. E podia até se elevar ao gozo com isso. Mas, na verdade no tempo de seus delírios de mulher estava mesmo era solitária. E só poderia estar. Não realizando cada desejo íntimo que sentia, não podia sentir-se parte de nada. E, realizando-os só poderia sentir-se apontada pelas vidas alheias.
Conseguiria, pois, encontrar seu lugar? Amava a si mesma por não sentir naquele instante, o fogo por outrem. Ao mesmo tempo, queimava ninfas e elfos no fogo de seu prazer. E fantasia e realidade bailavam na dialética melodia.
Sentiu seu corpo retorcer e esvair-se... Mais uma noite de pura solidão.

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