sábado, 17 de setembro de 2011

História de amor pra boi dormir

Sempre fui daquelas adolescentes exemplares que todo pai queria ter. Estudiosa, quieta, sossegada e equilibrada. Raras vezes os fervores da adolescência me invadiram a razão. Vivenciei o desmoronamento da minha família com serenidade e inteligência, não sem ajuda é claro - que o diga o grupo de biodanza.

Sempre fui muito romântica. Mas paradoxalmente uma romântica materialista. Havia desconstruído o príncipe encantado aos 12 anos e desfeito qualquer ilusão em relação a perda da virgindade e ao casamento cristão aos 14 anos. O resultado de tudo isso foi uma adolescente que aprendeu a sofrer por amor antes mesmo de conhecer o amor. Saldo: 1 namorado de outro estado, várias apaixonites, 2 amores, 1 sexualidade quase inesperimentada. O versinho que definia essa parte de mim era:

"Sou uma borboleta que voa contra o vento. Quem eu amo não me ama, quem me ama perde tempo."

O contato com a universidade iniciou uma outra etapa da minha vida. Iniciou um longo processo de desapego dolorido da menina que em muito eu queria manter e a mulher que o mundo começava gestar. Entreguei-me a desconhecidos afetos, tentadoras aventuras de uma mente já mais amadurecida. Uma mulher foi se constituindo.

Num dia de São Jorge, num show na praia que mais me deu gostosas lembranças, conheci em meio ao desejo e a timidez um Jorge, vindo de terras de verdadeiros guerreiros. Encontro que proporcionou-nos deliciosos 4 dias de entrega, quase absoluta.

Como o vento que vai e vem, o mundo que gira colocou-nos de frente um ao outro mais uma vez. Reencontramo-nos com anseios diversos, mas tínhamos o desejo comum de ter um ao outro. Desejo forte para enfrentar o dragão das diferenças de língua, cultura, história e sentimento. Saldo: 3 anos e 8 meses de relacionamento, 1 casamento, 2 anos e meio de convivência diária, 1 amor.

 Como em todo conto de fadas, novelas mexicanas e Malhação, coisas ruins acontecem e separam os amantes. No nosso caso não foi o dragão, nem uma vilã inconformada por não ser amada e nem uma adolescente mimada. Faltou-nos as condições objetivas para continuar nossa história juntos, fisicamente juntos. Saldo: 2 amantes, 1 oceano, desemprego e 540 reais na poupança para um reencontro.

Riso [triste]. Esqueci de mencionar: 1 esperança.

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Campanha Ajude uma esposa a passar o natal com seu marido que trabalha num outro país. Toda doação será bem-vinda. Solidários podem enviar email para amorpcontinuar-amor@yahoo.com.br

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