domingo, 5 de janeiro de 2014

Ano Novo - uma mensagem clichê

Quando me despedi de 2012 e dei boas-vindas a 2013, fui ingrata com 2012 e joguei tantas expectativas para 2013 que se o ano velho tivesse boca teria dado uma bela gargalhada da minha cara depois de dizer "Coitada! Mal sabe o que a espera!". E foi assim que 2013 foi o ano mais difícil que já vivi, tão difícil que já me lembro de 2012 como um ano super leve - outro dia me peguei pensando "De que diabos eu reclamava de 2012?". Passei a semana da virada refletindo sobre isso, dando algumas voltas na minha cabeça para tentar inverter esse ciclo vicioso absurdo que a gente entra. Minha tentativa: uma mensagem clichê + uma forcinha do Drummond.

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Ano Novo, para pintar

Todas as expectativas do mundo, exceto as dos chineses, comparecem no mesmo dia e na mesma hora local. A contagem regressiva anuncia o lançamento de todo anseio, de toda expectativa, de todo furor e de uma boa dose de coragem. Estão todos reunidos ali, no momento em que um novo ciclo começa. O Ano Novo que se aproxima os evoca. E ele sempre aparece assim, com letras maiúsculas porque este é seu nome próprio.

Eis que ele, Ano Novo, chega. Mas as expectativas que jogamos sobre ele são um erro infantil. Tão infantil que elas se desvanecem já no primeiro mês. Mais ainda, chegamos ao final com a arrogância de avaliar o que o ano fez de bom ou não. Ora, o que é o tempo, presente e futuro, senão uma tela em branco? Devemos pintá-lo, escrever a nossa história, cruzar com outras, colaborar com parceiros e, sobretudo, convocar a coragem para realizarmos todas aquelas expectativas e assim transportá-las à tela.

O Ano Novo chega vazio, sem pretensões, mas aberto ao devir. Ele vem com o vento, leve, firme e seguro. E sempre nos convida a levantar a poeira, bagunçar a vida, dá voltas para vermos as coisas de ângulos diferentes, passear por outros mundos, voltar intempestivamente, soprar... Mas isso é sempre um convite, uma provocação, não mais que isso.

Aceite a provocação do novo, ocupe seu espaço na tela do tempo e pinte com o vento!
Ano Novo para ser feliz!


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Receita de Ano Novo

(Carlos Drummond)

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra
birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta ou recebe mensagens? passa telegramas?).

Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um ano-novo que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


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2014 começou assim, leve, calmo e aberto.
Previsões, só até o carnaval.
Desejos, só o de seguir.
Realizações, as que puderem existir.
Expectativas, só a de mudança.

Um comentário:

  1. Sil, sou eu, a Ana, direto de Alter do Chão.
    Saudade tucupi, melada de açaí, com farinha nas entranhas e cheia de ganas de te encontrar, com ou sem crepes avelanados.
    Vamos indo bem por esses lados, nadando muito, virando comidinha de mosquito, com a pele colorida pelo sol, lambidos de rio, em praias de mar doce, temperando a lua crescente, sorriso que o céu nos dá, de mel de começo, melaço de cana caiana, caindo em rede e virando peixe, aquela cara bobapaixonada parece que veio pra ficar...nos pescamos e nos comemos, e assim vamos que vamos, abrindo os braços para 2014, livres e entrelaçados.

    Te adoro, sua linda!

    Beijos paraando sem parar.

    ;-)

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