quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Das incertezas

Podia ser saudade que me bateu.
No contexto atual,
no caos social que a gente caminha,
saudade seria a coisa mais bonita e ordinária
que poderia bater em qualquer um.
Saudade da estabilidade das coisas ordinárias da vida.
Saudade dos dias iguais,
das quebras ritualísticas dos dias iguais.
Mas isso só seria possível se não fosse maior
o medo.
O medo é das criaturas que colocam qualquer Everest da vida
no chinelo.
Medo da chuva de meteoros de incertezas.
Incertezas quase certas.
Duras
de tão certas.
E, por isso,
hoje
o semblante me pesa
e a saudade é mera lembrança boa.

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