sábado, 9 de agosto de 2014

Da palavra

É engraçado como algumas fichas caem como um gole seco de cachaça - forte, amargo e rasgando. Mas depois, dá aquela sensação de apuro às papilas gustativas, uma sensação de clarividência. Meu irmão diz que comigo as coisas tem de ser todas explicadinhas. Minha mãe costuma dizer que eu deveria ser advogada porque é um perigo discutir comigo. "Você sempre consegue virar as coisas pro teu lado, depois que começa a falar." Outras pessoas me chamam de inteligente e outras só de tagarela. Mas hoje... Hoje eu ouvi outra coisa e até demorei a entender. "Você escreve, cara! Você escreve o tempo todo na tua cabeça e muitas vezes eu me perco..." Eu escrevo o tempo todo na minha cabeça?! Desceu que nem cachaça.

E eis-me aqui, agora, escrevendo na cabeça, no papel. A mea culpa está dada:eu sou da palavra, do molejo dos sentidos e significantes desses desenhos que são as letras. Não sei bem quando ela se tornou meu guarda-chuva, meu guarda-sol, mas o que parece ser fato é que eu escrevo o tempo todo. E se não escrevesse, seria qualquer coisa que nem tem cabimento imaginar. Palavra.


*transcrito de um papelzinho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário