quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Ser rio

Quando eu era adolescente e ficava triste como agora, eu subia pra laje da minha casa e ficava lá às vistas e às cegas ao mesmo tempo. Podia ficar só, sentindo a tristeza que tinha mais do que razões pra existir. Agora eu não preciso me esconder na laje, tenho uma casa só pra mim, posso ficar triste sem me preocupar em ser vista com toda a minha vulnerabilidade. Esta, que cresci recusando porque acreditava que me enfraquecia. Hoje eu já sei que não, mas meu corpo em muitos momentos acha que sim. Por isso, prende o choro de tristeza com tanto afinco... o medo de me afogar no sentimento é imenso e me contorço, reprimo e confino a dor nalgum canto que não atrapalhe. Pronto! Sigo em frente. Mas a dor, a tristeza fica comigo. Como é difícil ser rio, ainda que eu seja água.


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