domingo, 3 de fevereiro de 2013

Quando a gente perde um amigo

Um dia ele foi meu porto seguro. Alguém em quem me espalhei. Compartilhamos momentos de pura intimidade, daqueles em que fraquezas, dores, alegrias, forças, esperanças etc. são compartilhadas, recebidas, amparadas. Dele recebi abraços tão fraternos... Lembro que uma vez tudo o que eu mais queria era um colo para me amparar e sem que eu dissesse nada ele percebeu algo, me puxou e me pôs em seu colo. Quizá, o melhor colo que já recebi na vida. Cheio de carinho e amor. Nossa amizade era assim, cheia de ternura, cuidado, risadas. O irmão mais velho que sempre quis ter.

Foi ele quem me acompanhou na matrícula na universidade, quem me apresentou o campus e suas peculiaridades, quem me ensinou dos perigos que ali habitavam. Ele estava ao meu lado num dos momentos em que mais tive medo. Dali pra frente, encontrá-lo naquele espaço era como me refugiar no mundo tão sensível em que vivíamos com nossos outros amigos e que aquele espaço feria a todo instante. Mas foi ali também que eu o perdi.

Lamento que ele tenha escolhido abandonar nossa relação pelos caprichos ou fraquezas de quem ele ama. Lamento que tenha feito isso sem olhar pra trás. Mas respeito sua decisão. Também já o perdoei. O que não significa que ainda não sinta a perda. O silêncio de cada 31 de janeiro dói muito.

Hoje, nos vemos uma vez por ano. Nesse único dia, ele é aquele cara que conheci, como se nada tivesse acontecido, como se o tempo tivesse sido congelado. Mas, a verdade é que o tempo não volta, não  congela e as feridas às vezes demoram muito a cicatrizar.

À memória de um porto.

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