sábado, 21 de setembro de 2013

Desconexo

O encontro foi seco, combinado ao acaso. O primeiro contato foi vazio de afeto, carícias e acolhimento. Era como se ambos fossem só conhecidos distantes. Quem visse de fora não imaginaria que eles trocaram carinho, beijos, mordidas, apertos, lambidas. Além de pequenas confidências triviais. O que se seguiu depois de minutos de silêncio, sentimento de deslocamento da parte dela, fuga para o embalo das ondas, vontade de se afogar ali na imensidão do azul e na sua calma espumante, foram palavras desconexas. Uma discussão que nenhum dos dois sabia o que era afinal, repetiam como vitrolas discursos prontos e velhos. Era só reflexo da desigualdade de desejos. Ao final, abraçaram-se algumas vezes. Talvez breve refúgio um no outro, apesar de tanta coisa desconexa jogada à maresia. Ela fitou-o por alguns segundos chegando a conclusão que gostava mais do que devia de alguma coisa que não sabia bem o que era. Devia dizer adeus para não sofrer com aquela ausência, o salva-vidas dele. Por um segundo a emoção veio e quase se arrebentou em lagriminhas, mas conteve-se. Ele pensou que ela seduzia-o, ela negou, ele teve certeza que sim. Talvez ele já estivesse seduzido por alguma coisa que também não soubesse identificar ou talvez só sentiu o afeto que beirou os olhos dela ou talvez... Talvez só ele possa dizer o que foi. E foi assim, que na primeira noite de verão, à beira do mar, sob o brilho longe das estrelas, envolvidos por uma neblina leve de maresia, um adeus se fez sem ser dito. Dito mesmo foi só um "Até!" respondido por um sorriso. Até o adeus foi desconexo, mas deu um aperto no peito.

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